Unção de David, por Veronese |
A Igreja resume a celebração de Jesus, que
desenvolve, ao longo do ano litúrgico, que termina neste Domingo, com o título
de “Rei do Universo”. Este título quer dizer: Senhor de toda a Criação e
Messias Salvador de toda a humanidade. Assim foi a proclamação de fé de S.
Pedro, no dia do Pentecostes: “Saiba, com certeza, toda a casa de Israel: Deus
constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes” (Act 2, 36).
Hoje ouvimos S. Paulo que nos diz: “Deus
libertou-nos do domínio das trevas e transferiu-nos para o Reino de Seu Filho
muito amado” (Col 1, 13).
O Reino de Jesus manifestou-se na Sua própria
pessoa a nas Suas palavras e nas Suas obras.
Porém, o Seu Reino começou logo na criação de todos
os seres, porque todos foram criados por Ele e para Ele, que, sendo Filho de
Deus tomaria a natureza humana. “Em vista d’Ele é que foram criados todos os
seres que há no Céu e na Terra. Tudo foi criado por Seu intermédio para Ele.
Assim Ele é anterior a todas as coisas e todos se mantêm por Ele” (Col 1, 16-17).
Esta é a primeira visão grandiosa de Cristo, na Sua
presença íntima no ser de toda a criação, à qual Ele comunicou depois toda a
força espiritual da Sua Ressurreição.
Mas o Reino de Jesus realizou-se e tornou-se
visível na Sua Incarnação na natureza humana e no termo da Sua vida na Terra,
pela morte na Cruz. Por essa união íntima a todo o homem e pelo sacrifício
redentor da Cruz, Jesus deu a vida do Pai, aos que n’Ele iam acreditar,
aceitando a Sua Mensagem de salvação: “Por Ele é que nós temos a redenção e o
perdão dos pecados” (Col, 1, 14).
Ele é verdadeiramente o Messias salvador,
prefigurado já em David (2 Sam 5, 1-3; Lc 23, 35.39). O Reino de Cristo na
terra, após a Sua Ressurreição, continua na Igreja que tem a missão de o fazer
crescer até à sua consumação no fim dos tempos. O Reino cresce todos os dias,
porque Cristo é a Cabeça da Igreja, que é o Seu Corpo” (Col 1, 18).
E como Cristo consumou o Seu Reino na Terra, quando
foi crucificado na cruz, fazendo dela o Seu trono, também a Igreja continua o
Reino de Cristo, pelo serviço do amor a Deus e do amor aos irmãos, na humildade
e no sacrifício.
A realeza do Reino de Cristo está, pois, em servir
até à doação da vida: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar a vida pela redenção de muitos” (Mc 10, 45).
Neste mundo, somos de Cristo e do Seu Reino, em
Igreja, não pela força do poder temporal, nem pelo domínio do egoísmo e do
orgulho, mas somente pela força do amor que se exprime em atitudes do coração e
da alma: a paz, a paciência, a tolerância e o perdão. É este “O Reino da
verdade, e da vida, de santidade e de graça, Reino de justiça, de amor e de
paz”.
Cónego Manuel Marques Gonçalves
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