Os escritos de João Duns Scoto foram um dos principais apoios teológicos do Papa Pio XI para a proclamação do DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO, em 8 de Dezembro de 1854. |
João nasceu em Duns, na Escócia em
1265. O nome pelo qual ficou conhecido relaciona-se, pois, com a sua
naturalidade, sendo Scoto uma forma de dizer escocês. Em 1282 entra na Ordem
Franciscana, no convento de Dumfries. Foi ordenado padre em 1291, em Paris,
enquanto estudava filosofia e teologia na Sorbonne. Depois foi convidado para
ensinar em Paris. Foi um pensador excelente. A sua habilidade para formular e
expor teorias e pensamentos, a subtileza com que era capaz de desarmar os que
com ele argumentavam, considerando todas as alternativas possíveis com grande
clarividência, valeram-lhe o título de “Doctor subtilis”.
Em 1303, o rei de França, Filipe
IV, o Belo, está no clímax do confronto com o Papa Bonifácio VIII; aquele defendendo
a prevalência do poder temporal nas questões seculares, o papa defendendo a
predominância do poder espiritual sobre o temporal. João Duns Scoto está do
lado do Papa, recusando-se a apoiar o rei e é forçado a abandonar a França. Em
1304 é autorizado a regressar e a reocupar a sua cátedra em Paris. Em 1305
aceita o convite para leccionar em Oxford. Em 1307 segue para Colónia para
ensinar teologia na escola franciscana desta cidade alemã. Passado apenas um
ano João Scoto parte para Deus, a 8 de Novembro de 1308, com quarenta e três
anos de idade. Entre os seus escritos mais importantes destacam-se Theoremata, De primo rerum omnium
principio, Collationes Parisienses, Quaestiones super libros Metaphysicorum Aristotelis,
não havendo, em relação a alguns
deles, a certeza de serem mesmo escritos por João Scoto, ou textos que sofreram
intervenções dos seus discípulos.
São importantes as principais
posições doutrinais expostas e defendidas por este teólogo.
Fé e ciência. Para João Scoto não há qualquer
confusão ou mistura entre fé e ciência. A fé não se refere a verdades científicas,
mas apenas éticas e os dogmas da fé têm como único e exclusivo objectivo a
salvação do homem.
João Duns Scoto |
A unicidade do ser. O homem conhece Deus por revelação
interior e não através do conhecimento científico.
Embora existindo uma óbvia
diferença ontológica entre o divino e o criado, todos os seres criados
partilham do mesmo infinito. O homem não está limitado à percepção sensorial,
pois nesse caso não conseguiria entender o divino de Jesus Cristo, mas o homem
tem em si mesmo o infinito do seu Criador.
Os universais. A questão dos universais é a
seguinte: se a realidade criada tem como característica o individual, como demonstrar
a existência do universal? João Scoto responde subtilmente: universal e
particular são duas faces da mesma medalha. A característica do individual que
é único, é uma outra forma da mesma substância do universal, e não outra substância
diferente do universal.
O problema da individualização. Consiste em explicar como, sendo a
matéria sempre igual e impessoal, o que faz que os seres vivos sejam diferentes
uns dos outros? Duns Scoto resolve a questão dizendo que a matéria e a forma não
são uma última realidade.
A Imaculada Conceição da Virgem
Maria. A questão de saber se Nossa
Senhora tinha ou não nascido com o pecado original era debatida na Igreja, pelo
menos desde a disputa entre Pelágio e Santo Agostinho acerca do pecado
original, no século IV. Santo Agostinho defendia que todas as pessoas nascem
com o pecado original, Pelágio argumentava que tanto no Antigo como no novo
Testamento havia muitas pessoas que nunca tinham cometido pecado. A questão do
pecado original ficou definida pela Igreja, mas não a da Virgem Maria, em
relação a ele.
Duns Scoto apresenta uma
argumentação que será um dos instrumentos para a proclamação do Dogma da
Imaculada Conceição da Virgem Maria, pelo Papa Pio IX, em 8 de Dezembro de
1854. Scoto afirma que Cristo nasceu para redimir todos os homens e a maneira
mais digna e honrosa de redimir a sua própria mãe é preservando-a de todo e qualquer
pecado, incluindo o pecado original.
Em 6 de Julho de 1991, Sua
Santidade João Paulo II, confirmou o culto de beato de João Duns Scoto. Para
este gesto muito terão contribuído os textos e a interpretação filosófica de
algumas questões, entre as quais aquelas a que fizemos referência, da autoria
deste franciscano.
Dedicando-se intensamente ao
estudo da revelação divina, Duns Scoto pode ajudar as outras pessoas a
partilharem também desse conhecimento, da intimidade de Deus.
O que se conhece melhor, melhor
pode ser amado. No fim, a questão é a do aprofundamento do amor dAquele que já se
ama com o coração.
Conhecia este documento, mas já tinha esquecido por quem e quando tinha sido escrito. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarViva Palmira. É do meu livro Os Santos de João Paulo II.
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