domingo, 30 de junho de 2013

Minimalismo e cristianismo

A vertente prática do existencialismo de Sartre que surgiu na década 60 do século passado foi o movimento hippie. Os activistas deste movimento viviam em estado de contra-cultura. Desdenhavam os aspectos característicos da cultura ocidental, este movimento desenvolve-se na Europa e Estados Unidos, trocavam as roupas e as modas por farrapos, os carros com estilo por calhambeques floreados, riam-se das leis e abominavam os comodismos que floresciam no pós-guerra.


O Festival de Woodstock é o ponto mais alto da era hippie

A ópera rock Jesus Christ Superstar, ao apresentar uma leitura do Evangelho feita de um ângulo completamente diferente, insere-se no boom de contra-cultura. Por outro lado, ensaia uma cristianização desta contra-cultura. 


 O minimalismo é um movimento essencialmente cultural que surge durante a época hippie e se define como activismo social na década de 90, marcadamente com a publicação do livro Simplify Your Live: 100 Ways to Slowdown and Enjoy the Things that Really Matter, de Elaine St. James. Essencialmente propõe às pessoas que se desfaçam de tudo aquilo de que não necessitam realmente, roupas, livros, objectos de decoração da casa, comodidades que o progresso tem trazido e a que as pessoas se vão apegando.




As leituras do 13º Domingo do Tempo Comum do passado dia 30 de Junho de 2013 trazem-nos à memória aquele remar contra a maré e faz o minimalismo parecer um aspecto particular do cristianismo.

Eliseu abandonou os bois para seguir Elias, que o chamava da parte de Deus (Livro dos Reis, 16, 19-21).
Fostes chamados à liberdade, contudo não abuseis da liberdade com o pretexto para viverdes segundo a carne; mas, pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros (Epístola de São Paulo aos Gálatas 5, 13-18).
Pelo caminho, alguém disse a Jesus: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores». Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm as suas tocas e as aves do céu os seus ninhos: mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça». Depois disse a outro: «Segue-Me». Ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai». Disse-Lhe Jesus: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus». Disse-Lhe ainda outro: «Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família». Jesus respondeu-lhe: «Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus» (Lucas 9, 51-62).

Deixai para trás tudo o que não é essencial. O essencial é a caridade. Parecem dizer-nos as leituras deste Domingo. Deixar tudo para trás, tudo o que não for essencial, já nos diziam os hippies e dizem-nos actualmente os minimalistas. 
Deus já nos revelara e Jesus continua a dizer o que é o essencial, o que fica depois de deixarmos tudo o que é dispensável: fica apenas a CARIDADE.

Meditar nas palavras que da Sagrada Escritura que nos chegaram este Domingo e tentar descobrir como interpô-las na na nossa vida é o grande desafio. Mais que deixar tudo para nos sentirmos mais leves, como propõem os minimalistas, é aproveitar esta leveza para nos dedicarmos ao essencial, a Caridade, o Amor.

As Missionárias da Caridade, fundadas pela Madre Teresa de Calcutá dispensam as máquinas de lavar roupa. Para sentir o mesmo que as pessoas que têm de lavar a roupa à mão. E porque se há quem lave a roupa à mão, então a máquina pode ser dispensada. Este gesto pode ser catalogado de minimalismo, mas está pleno de Boa Nova.






3 comentários:

  1. Obrigado, Orlando, pela reflexão. E a maravilha do testemunho de santidade de Madre Teresa, assim como da mensagem do Evangelho, é que o essencial, matemáticamente falando, é sempre um multiplicador e não uma subtração: «quem ama mais... é que pode ser discípulo de Jesus Cristo» («Se alguém vem ter comigo e não me tem mais amor que ao seu pai, à sua mãe, à sua esposa, aos seus filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo.» (Lc 24, 26)

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