sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Domingo do Senhor - 11 Fevereiro







Jesus e o leproso, por Ann Lukesh

A Lei Antiga correspondia, em muitos aspectos, mais a uma condescendência de Deus para com a natural inclinação do homem para o pecado, que a uma vontade de Deus. Di-lo Jesus, a propósito do divórcio. Era também assim a lei que regia a separação dos leprosos.

Ao cantarmos o Salmo, louvamos o Senhor pela Sua disponibilidade em perdoar. Ele espera-nos de braços abertos. Terminamos o Salmo em euforia: Alegrai-vos ....

A Nova Lei é mais exigente. Completa a Lei Antiga responsabilizando o homem pelas suas atitudes. O leproso toca Jesus, o que era proibido pela Lei Antiga e Jesus toca o leproso, o que também era proibido pela Lei Antiga.

Esta Nova Lei, a Lei de Jesus, é muito mais exigente para connosco, pelo seguinte: antes, se eu não matasse, não pecava; agora, se eu deixar morrer, sem tentar salvar, mesmo com risco da minha própria vida, estou a pecar. A Lei Antiga exigia que os homens não destruíssem a Obra de Deus; a Lei Nova exige que os homens colaborem com Deus na edificação contínua e na manutenção da Obra da criação. Ser imagem e semelhança de Deus era, para os judeus, um privilégio; para os cristãos, ser imagem e semelhança de Deus é a responsabilidade de mostrar Deus ao mundo nas nossas atitudes e no nosso rosto.

Talvez exagerando um pouco, poderíamos dizer que aqueles de nós que estivermos reunidos em assembleia eucarística com cara tristonha, impacientes porque a missa demora muito, a pensar algo de mal do irmão que está sentado ao nosso lado, mais: aqueles que saírem no final sem um grande sorriso no rosto e mostrarem esse sorriso pelo mundo fora, estarão a pecar.

Ser Cristão é ser imagem do Deus que nos sorri, que abre os braços para nos receber, quer sejamos nós como o leproso que tocou Jesus, quer sejamos nós como Pedro que negou Jesus – desde que nos arrependamos sinceramente. Vede, se Pedro em vez de se ter arrependido, se tivesse ido enforcar, e se Judas, em vez de se ir enforcar, tivesse pedido perdão a Jesus, com o coração verdadeiramente arrependido, como poderia ter sido diferente esta história! Pois quando Jesus rogou: Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem, referia-se certamente aos soldados e ao povo, mas também a Pedro e a Judas. Pedro voltou aos braços abertos do Pai, Judas parece não ter tido a fé e a confiança necessárias para acreditar no grande poder de Deus para perdoar.

Todos vós, irmãos, sorride, exultai e alegrai-vos. Tendes razões de sobra para o fazerdes:
Estais vivos: nenhum de vós morreu esta noite.
O dia está lindo, quer chova quer faça sol: podemos olhar o céu deste Domingo VI do Tempo Comum e descobrir a beleza da Natureza que Deus criou para nós.
Podemos ser semelhantes a Deus, se sorrirmos ao nosso irmão e se nos sentirmos felizes por o fazermos feliz.
Como o leproso tocado e curado por Jesus, também todos nós já nos sentimos certamente, muitas vezes tocados e curados por Nosso Senhor, Jesus Cristo: por isso, como o leproso, podemos proclamar ao mundo: Jesus Cristo é o nosso Salvador, o único Salvador do mundo. Ontem, hoje e sempre. O Seu reinado é para sempre, o Seu Jubileu não terminará jamais.
Como diz um poema da ópera Rock Godspell (Evangelho): Sabemos que podemos estar doentes, ser olhados de lado pelos outros, podemos ser despedidos do emprego e ficar arruinados, atravessar discussões familiares, humilhações e desprezo, não resistirmos à tentação e cair, e recair, no pecado, mas mesmo quando parece que tudo corre mal, que já não há solução, há sempre uma certeza:
No fim: tudo acabará em bem. Podemos sempre, como o filho pródigo, correr para os braços do Pai bondoso e carinhoso que nos espera, com muita ternura.
Exulai e alegrai-vos, porque este é o verdadeiro, o único e derradeiro Jubileu – Aquele que estamos a viver desde o Sim de Maria, desde a promessa de Jesus de que nos reserva um lugar junto dEle e do Pai.
Os cristãos não se conhecem por trazer uma cruz ao peito. Também não se conhecem por ir à missa. Conhecem-se pela sua atitude no mundo. Dão exemplo e testemunho de Jesus pelas suas obras, começando por sorrir.
Vós todos, exultai, alegrai-vos e sorri. Sorride sempre, como Deus o faz para todos nós, para todos os homens.

Orlando de Carvalho
13 Fevereiro 2000

As leituras deste Domingo, a que se refere o comentário



LEITURA I Lev 13, 1-2.44-46

Leitura do Livro do Levítico
O Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: «Quando um homem tiver na sua pele algum tumor, impigem ou mancha esbranquiçada, que possa transformar-se em chaga de lepra, devem levá-lo ao sacerdote Aarão ou a algum dos sacerdotes, seus filhos. O leproso com a doença declarada usará vestuário andrajoso e o cabelo em desalinho, cobrirá o rosto até ao bigode e gritará: ‘Impuro, impuro!’. Todo o tempo que lhe durar a lepra, deve considerar-se impuro e, sendo impuro, deverá morar à parte, fora do acampamento».
Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 31 (32), 1-2.5.7.11 (R. 7)
Refrão: Sois o meu refúgio, Senhor;
dai-me a alegria da vossa salvação. Repete-se

Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa
e absolvido o pecado.
Feliz o homem a quem o Senhor
não acusa de iniquidade
e em cujo espírito não há engano. Refrão

Confessei-vos o meu pecado
e não escondi a minha culpa.
Disse: Vou confessar ao Senhor a minha falta
e logo me perdoastes a culpa do pecado. Refrão

Vós sois o meu refúgio, defendei-me dos perigos,
fazei que à minha volta só haja hinos de vitória.
Alegrai-vos, justos, e regozijai-vos no Senhor,
exultai, vós todos os que sois rectos de coração. Refrão

LEITURA II 1 Cor 10, 31 – 11, 1

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus. Fazei como eu, que em tudo procuro agradar a toda a gente, não buscando o próprio interesse, mas o de todos, para que possam salvar-se. Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo.
Palavra do Senhor.

EVANGELHO Mc 1, 40-45

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.
Palavra da salvação.




 

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