quinta-feira, 17 de maio de 2018

Do sofrimento e da dor

*Andrea Bocelli na Capelinha das Aparições


Hoje li o comentário de um amigo acerca do sofrimento e da dor:



Hoje a TV católica falou muito sobre a importância dos nossos sacrifícios e sofrimentos como essenciais para a nossa salvação... a ponto de colocar como manchete, e exemplo a seguir, o cantor cego mais famoso do mundo dando voltas de joelhos à capelinha de Fátima.

Refletindo sobre esse “comando” dos guias espirituais católicos, fiquei tremendamente confuso porque nunca vi o sofrimento e sacrifícios humanos por esse prisma. E também não vou mudar depois de velho.

Quanto mais exaltamos e nos valemos dos nossos sofrimentos para a nossa salvação, tanto menos valor damos ao sofrimento de Cristo que deu seu sangue até a última gota para a salvação de todos os homens.

Por que não dizer a essa gente, que se flagela e se arrasta pelo chão, que o sofrimento de Cristo foi mais que suficiente?

O que falta para a nossa salvação são as nossas boas obras, o nosso perdão a quem nos ofende, o nosso amor a Deus e aos outros como Cristo nos amou....

Derramar o nosso sangue para perdoar nossos pecados não faz parte do catálogo das obras de misericórdia!

Sempre que eu me prego na cruz estou dizendo ao mundo que a morte de Cristo não valeu para mim ou foi insuficiente!

Dobrar o joelho frente ao Cristo na Cruz nada tem a ver com arrastar os joelhos pelo chão! Dobrar o joelho significa reconhecimento e gratidão; arrastar os joelhos significa falta de confiança em Deus-Pai e desprezo pelo que Cristo fez por cada um de nós.

A nossa missão é: Ide por todo o mundo e levai a boa nova do evangelho a todos os homens.

Se continuarmos nesse ritmo, de joelhos, não chegaremos muito longe....como preguiças ambulantes, seremos deixados cada vez mais para trás por movimentos mais inteligentes e mais velozes.... (Cónego Abílio De Vasconcelos)





Concordei com partes do pensamento, mas parece-me que existe uma perspectiva mais importante. Leia e comente.



Há outra perspectiva.

Acompanhar Jesus no sofrimento da cruz, fazer-Lhe companhia nessa hora, vivendo eu nesta época. Unir-me e comungar com Jesus. Não ao ponto de me suicidar ou de me infligir golpes de sangue, mas de procurar o deserto sob diversos pontos de vista, na privação do cómodo, na privação do lúdico, na privação do prazer, na medida em que me sinta mais Um com Jesus e com tantos e tantos irmãos que sofrem hoje uma penosa e longa via-sacra, eles também comungando a dor de Jesus, que lhes é imposta. Nem sempre a felicidade vem acompanhada pela máquina de lavar roupa (Madre Teresa de Calcutá), nem com o desfrute do banho de sol (vitamina D) na esplanada do Santuário de Fátima. Mais que uma perspectiva diferente, lanço a possibilidade dessa alternativa.

Orlando de Carvalho

*Fotografia de mediotejo.net 

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