terça-feira, 12 de março de 2019

O que é o Ministério Escatológico

Enterrar os mortos

Um grupo de ciganos velava um familiar falecido quando algumas pessoas da paróquia entraram na capela e, estando um pouco com eles, perguntaram:
- Desejam que rezemos juntos por alguns momentos?
Espanto dos circunstantes. Interessados estavam com certeza mas, acabaram por explicar, de maneira algo envergonhada, que…não sabiam rezar!

Dentro em breve, porque a boa vontade igualava a ignorância, estava organizado um grupo de catequese que, em coro, aprendia e rezava o Pai-Nosso.

Passou-se em S. Domingos de Benfica onde, desde há algum tempo se constituíram vários grupos para acolhimento das pessoas que acompanhavam algum familiar falecido.

Grupos de leigos assumiram como missão a orientação, nas capelas mortuárias, duma celebração da «Palavra» e de uma oração comum durante a noite… A necessidade de os grupos serem formados por pessoas com uma certa preparação levou-os a integrar, sobretudo, membros das Comunidades Neocatecumenais, muito vivas na paróquia, e Ministros Extraordinários da Comunhão.

A ideia fundamenta-se numa antiga frase em que S. Paulo diz da Igreja que ela «chora com os que choram e ri com os que riem». Diziam-nos, pois,  que sendo o momento da morte de alguém próximo, um momento particularmente difícil na vida de qualquer pessoa, é bom que a Igreja apareça, não apenas com a sua capacidade de oferecer carinho e amizade humana mas, sobretudo com o seu poder de tornar actual a Palavra de Deus a iluminar a dor e o sofrimento.

Trata-se de «ir aos vivos e não aos mortos» e de cumprir, afinal, aquilo que é missão da Igreja em todos os tempos e situações: anunciar aos homens a mensagem de Cristo ressuscitado e ser solidária com todos os homens em todas as circunstâncias. «As pessoas ficam normalmente sensibilizadas com a atenção e respeitam a oração que lhes é proposta. Ao mesmo tempo manifestam, muitas vezes, o seu acordo com a palavra que lhes é dirigida». E, continuando, diziam-nos ainda, «cada vez é sempre um caso único, mesmo se já se tem uma longa experiência», sendo muito importante «ter atenção ao tipo de pessoas que nos ouve para sabermos como devemos falar-lhes e, muitas vezes…..gaguejamos!»

«Mas as pessoas ficam com uma certa paz que não tinham, há sempre uma modificação de atitude». Porque, como dizia Claudel: «Em Jesus Cristo, Deus não veio suprimir o sofrimento, nem sequer explicá-lo, veio enchê-lo da sua presença».



Publicado na imprensa diária

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