sábado, 23 de maio de 2020

LITURGIA apontamentos 5


Rito e símbolo

Podemos dizer que o rito é um gesto simbólico e repetitivo que insere o indivíduo no grupo.

Símbolo é um gesto que contém em si outro gesto. A aliança, objecto que os casados usam no dedo é o símbolo de um outro gesto, a aliança ou contrato de casamento entre eles.

O rito tem de ser repetitivo porque não pode estar constantemente a ser inventado, uma vez que acabaria por impedir a participação colectiva das pessoas que não conheciam a nova versão do rito.

Cuidado com os inimigos da liturgia.
Em primeiro lugar surge a experiência que pode levar à realização dos actos litúrgicos guiados pela prática e esquecendo ou pondo de parte o significativo.
Outro grande inimigo da liturgia é a ignorância, sob a qual se faz, mas não se sabe o que se está a fazer. Esta ignorância, significa que as pessoas não sabem o que estão a fazer e isto faz com que invente outros sinais.
Isto é um perigo porque a liturgia é uma linguagem gestual. Gestos diferentes têm significados diferentes.

Os sacramentos devem ser recebidos devotamente, mas não dependem na devoção dos intervenientes.

Os ministros das acções sagradas fomentam e realizam a celebração a celebração de todos os irmãos.
O ministro serve a assembleia e a assembleia celebra.

A celebração tem dois elementos estruturantes: a Palavra e o Rito.
A Palavra dirige-se ao entendimento.
O Rito também é uma palavra e dirige-se ao afecto, à emoção.
O Rito é mais rico que a Palavra como elemento de comunicação.
Mas é a Palavra que dá significado ao Rito. O Rito sem Palavra pode ser deturpado ou perder o significado.

Na imposição da mitra, na Idade Média, as palavras que acompanhavam a imposição eram:
- Recebe esta mitra em forma de cornos para meteres medo aos inimigos da fé.

A palavra pode ser enriquecida na sua capacidade significativa quando cantada com melodia apropriada. O músico cristão, depois de ler o texto e o compreender e captar as ideias e emoções, se for capaz, traduz isso em música. Tal como acontece na pintura. Os intervenientes, cantando esse texto, poderão ter maior facilidade em entrar na profundidade do texto.
Os cânticos utilizados na liturgia, texto e música, devem ser cuidados para não anularem o significado do que se está a celebrar.

Orlando de Carvalho

Sem comentários:

Enviar um comentário