sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Missa do Galo - o erro dos Bispos


 

 

Analisamos a evolução das tomadas de posição dos Bispos portugueses acerca da celebração da chamada Missa do Galo entre 14 de Novembro e 9 de Dezembro deste ano 2020.

 

O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, declara no dia 14 de Novembro, diante das câmaras de televisão que a Igreja não quer pôr em perigo a vida das pessoas e que por este motivo, este ano não se celebrará a Missa do Galo, realizando-se todas as restantes celebrações, de acordo com os calendários paroquiais e diocesanos.

 

O Diário Do Distrito (Setúbal) publica a notícia no dia 14, a qual pode ainda nesta data ser consultada em In Diário do Distrito

 

A Conferência Episcopal Portuguesa está a estudar a hipótese de não celebrar a Missa do Galo no Natal deste ano para ‘proteger vidas’.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa admitiu este sábado, em Fátima, suspender a realização da tradicional Missa do Galo, no Natal, se os números da pandemia de covid-19 continuarem preocupantes, para proteger vidas.

D. José Ornelas, também Bispo de Setúbal, disse aguardar pela evolução do número de infetados pelo SARS-CoV-2, mas admitiu suspender a missa.

«Se for necessário, para defender a vida, vamos fazê-lo», referiu na conferência de imprensa de encerramento da Assembleia Plenária da CEP, referindo-se à celebração da Missa do Galo.

«Não brincamos com a saúde das pessoas. Iremos resolver os problemas com os mesmos princípios, com as mesmas preocupações, mas também com o mesmo sentido de equilíbrio, para não morrermos nem do vírus nem da sua cura.

Para que os nossos avós cheguem ao próximo Natal, este ano, não devemos estar com eles.»

 

O ponto da situação da pandemia em 14 de Novembro é a seguinte:

 

6 602 casos

|   55 óbitos

 

Entre outros, também o jornal Expresso dá conta da mesma notícia transmitida pela televisão, nas palavras do Presidente da CEP.

 

Conferência Episcopal admite não celebrar Missa do Galo.

“Se for necessário, para defender a vida, vamos fazê-lo”

14.11.2020 às 18h44

José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, admitiu este sábado, em Fátima, suspender a realização da tradicional Missa do Galo, no Natal. Será essa a decisão se os números da pandemia de covid-19 continuarem preocupantes

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa admitiu este sábado, em Fátima, suspender a realização da tradicional Missa do Galo, no Natal, se os números da pandemia de covid-19 continuarem preocupantes, para proteger vidas.

José Ornelas disse aguardar pela evolução do número de infetados pelo SARS-CoV-2, mas admitiu suspender a missa. "Se for necessário, para defender a vida, vamos fazê-lo", disse na conferência de imprensa de encerramento da Assembleia Plenária da CEP, referindo-se à celebração da Missa do Galo.

"Não brincamos com a saúde das pessoas. Iremos resolver os problemas com os mesmos princípios, com as mesmas preocupações, mas também com o mesmo sentido de equilíbrio, para não morrermos nem do vírus nem da sua cura", sublinhou.

Segundo o também bispo de Setúbal, a igreja tem "normas muito claras que foram acertadas com a Direção-Geral da Saúde, até ao pormenor" e tudo tem feito para garantir a segurança nas celebrações.

"Não posso assegurar que não vai haver algum contágio, pois a maioria das pessoas infetadas são assintomáticas, mas é muito mais fácil contagiarmo-nos no supermercado ou no restaurante do que nas igrejas, até pela natureza da comunidade que se junta, a forma como está e o que faz", afirmou José Ornelas.

A principal preocupação para o presidente da CEP são os contágios em casa. "Não é mal celebrar em casa, mas não pode ser a grande família. Quem é que não gostaria de estar em casa com a grande família, todos juntos? Mas, para que os nossos avós cheguem ao próximo natal, se calhar, é necessário que neste Natal não estejamos juntos, porquanto isso seja triste e desolador", acrescentou.

José Ornelas não tem dúvidas de que "se for necessário contenção", a igreja irá tê-la e apontou a troca de mensagens através de aplicações de internet como forma de "amenizar aquilo que não for possível realizar presencialmente".

O presidente da CEP considerou ainda que as "sacudidelas" desta pandemia "são ocasiões de pensar muito as maneiras de viver".

"Não estou a dizer que causámos esta pandemia, mas temos de pensar que preparação é que tínhamos para responder a desafios destes? O que tínhamos investido nos meios de saúde e na capacidade que temos de organizar a nossa vida", questionou, lembrando que agora é necessário "tentar equilibrar todos os aspetos da vida entre economia, estar em casa, cuidar-se, cuidar do ambiente e deste planeta".

José Ornelas lamentou que a pandemia tenha mostrado todo o tipo de atitudes. "Temos visto gente com abnegação total, que renuncia a si própria e à família e temos visto correntes de solidariedade muito tocantes, mesmo em termos da sociedade civil. Mas, também temos visto uma utilização e manipulação de tudo isto, uma linguagem negacionista e populista", afirmou.

O bispo destacou ainda os "passos que a Europa tem dado no sentido dessa solidariedade, quando se diz que quando chegarem as vacinas não são só para quem tem poder de pagar".

"Dizer-se que temos de trabalhar mais em conjunto e também usar a fragilidade dos outros para obter proveitos próprios, seja a nível político, estratégico ou militar é a maior vergonha da humanidade. Espero que esta seja uma ocasião para pensar um mundo melhor", concluiu.

 

Na mesma edição eram notícias:

Covid-19. Papa celebrará missas de Natal e de Ano Novo sem fiéis

e

Covid-19. Papa apela a respeito pelas medidas para travar pandemia

 

Deverão existir imagens das declarações televisivas de D. José Ornelas.

Por seu turno, no site da Agência ECCLESIA, que é propriedade do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, órgão da Conferência Episcopal Portuguesa, não existe qualquer referência às declarações do seu Presidente.

 

Todavia, logo no dia 15 de Novembro, o site da ECCLESIA “desmente” as palavras do seu Presidente, D. José Ornelas, Bispo de Setúbal, e publica uma nota inexplicável onde se explica-se que aquilo que se ouviu na televisão não coincide com a decisão da CEP.

 

O ponto da situação da pandemia em 5 de Dezembro é a seguinte:

 

 

5 087 casos

|    73 óbitos

 

Perante uma subida de óbitos de 32%, que se viria a agravar nos dias seguintes, o site da Rádio Renascença dava conta de que:

 

Igrejas "bem preparadas" para receber fiéis na Missa do Galo

05 dez, 2020 - 21:05 • André Rodrigues , com redação

Abrandamento das restrições vai permitir a Missa do Galo. D. José Ornelas congratula-se com a decisão do Governo e garante que as igrejas vão tomar todas as normas de segurança sanitárias, "que têm dado resultado".

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, congratula-se com a decisão do Governo que vai permitir aos portugueses celebrar o Natal em família e participar na tradicional Missa do Galo.

 

 

Já a 9 Dezembro, a ECCLESIA convidava, exuberantemente à participação nas festividades natalícias, como se constata em


 

Síntese dos factos:

·         Perante a inoperância do governo que baloiça entre o económico e a saúde e a vida das pessoas (dos avós!) e se mostra indeciso entre fazer cumprir um plano sanitário ou agradar aos eleitores com o politicamente correcto, os Bispos decidem audazmente cancelar todas as Missas do Galo, como medida profiláctica em relação à expansão da pandemia.

·         No dia seguinte, os mesmos Bispos parecem revelar que afinal se tratava apenas da decisão do Presidente da CEP, e corrigem-no. Sim, é como ele diz, mais ou menos, coisa e tal…

·         Na mesma altura, o Papa Francisco segue a opção dos Bispos portugueses em relação à Missa do Galo no Vaticano.

·         Passados dias, quando os números da pandemia são mais assustadores, os Bispos decidem que tudo afinal está bem e que se devem realizar todas as celebrações, incluindo a Missa do Galo. Muita informação que tinha sido veiculada sobre o cancelamento da Missa do Galo desaparece dos sites da Internet.

·         Os Bispos que poderiam ser as lanternas neste combate à pandemia parecem estar mais apostados em seguir os erros do governo.

 

Deus nos valha

 

Orlando de Carvalho

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