terça-feira, 23 de maio de 2023

Paráclito versus Pai da Mentira


 

Paráclito é uma palavra derivada do grego e que nunca vi escrita ou ouvi dizer fora do contexto bíblico-teológico referindo-se ao Espírito Santo. Não é, pois, uma palavra que seja usual no quotidiano das pessoas. Provavelmente os não cristãos nunca ouviram a palavra e muitos cristãos, mesmo os católicos assíduos à missa que escutam a palavra Paráclito todos os anos algumas vezes, embora poucas, durante a Eucaristia, desconhecem o seu significado.

Paráclito pode substituir-se por palavras ou expressões sinónimas, como

·         Defensor

·         Advogado de defesa

·         Testemunha de defesa

·         Protector

·         Consolador

·         Intercessor

·         Auxiliador

E outras com o mesmo sentido.

Jesus prometeu aos discípulos que enviaria o Paráclito, depois de chegar junto do Pai, para os consolar (da sua ausência material), para os defender, para os proteger, para os fazer entender tudo o que Jesus lhes tinha já dito, mas que nem sempre tinham compreendido.

 

Encontramos na Bíblia referências a um Acusador, também designado por Satanás, Diabo, Pai da Mentira, Demónio, Adversário, Inimigo.

Temos assim um advogado de defesa, o Espírito Santo, por isso chamado Paráclito, e um advogado de acusação, que nos acusa e é mentiroso.

Não de trata de um dualismo Bem/Mal, embora possamos ser induzidos nessa perspectiva errada.

O Espírito Santo é Deus, é uma pessoa das três pessoas da Santíssima Trindade. O Demónio ou Pai da Mentira é a ausência de Deus, pois Deus exclui por definição, a mentira, Deus é a Verdade, e a Misericórdia.

O Pai da Mentira bem tenta acusar-nos diante de Deus, mas em vão, porque Deus é misericordioso e nEle reside toda a Sabedoria, razão pela qual não pode ser enganado pelas mentiras do Diabo.

Sendo Deus omnipresente, como poderemos entender a existência de Satanás? Este é a ausência de Deus, de facto. Embora também seja certa a omnipresença de Deus, no seu grande amor pelas suas criaturas, em especial pelas pessoas, Deus ofereceu-nos a possibilidade de escolhermos o caminho por onde queremos seguir. Deu-nos até a possibilidade de nos afastarmos de Si, de O excluirmos da nossa vida. Se quando referimos a omnipresença de Deus, o podemos compreender de um modo universal e também material, Deus está em toda a parte, a questão é diferente quando tem a ver com a sua ausência, decretada ou eleita por nós, das nossas vidas.

Deus está, sim, presente na minha vida e em todo o lugar físico, espiritual ou imaginável. Acontece que me permite ignorá-lO e agir de acordo com a Mentira quando eu opto por buscar algum tipo de prazer com prejuízo e em detrimento da minha felicidade.

Só há felicidade em Deus. A felicidade é um estado de comunhão com Deus. O prazer é um sentimento que satisfaz, não a minha essência, a vida eterna de santidade a que fui predestinado, mas que produz em mim um efeito “mentiroso”, falso, de realização pessoal por me fazer sentir capaz de igualar ou suplantar Deus. A felicidade é um sentimento de mansidão e o prazer é um sentimento de superação, de competição.

Prazer e felicidade confundem-se muito, tanto na linguagem que usamos, porque não estamos atentos, enquanto conversamos comummente, ao sentido teológico do que dizemos, ou por aquela ausência de Deus em nós, que decretámos anteriormente, muitas vezes, creio, por ignorância.

Por isso precisamos tanto do espírito Santo Paráclito, para nos auxiliar a entender a Verdade e sairmos da nossa ignorância. Não para sermos tão sábios como Deus, mas para compreendermos a sabedoria de Deus e nos fazermos dóceis como a ovelha é dócil ao pastor.

 

2 comentários:

  1. Bom dia Professor, conhecia a palavra como sinónimo de Espírito Santo, não com as valências que nos deu a conhecer. Obrigada por isso, aprender é sempre bom .Um abraço

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  2. Muito interessante mas não tenho conhecimentos que me permitam alguma crítica ou elogio

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