domingo, 21 de setembro de 2025

Explicação da Parábola do Administrador Infiel


 

O Evangelho deste 25º Domingo do Tempo Comum do Ano C é desafiante. Ao lermos, ou escutarmos, percebemos que Jesus elogia um homem corrupto, roubava o seu patrão, este descobre e despede-o, mas ele inventa uma artimanha para, roubando ainda mais o patrão, se livrar da miséria a que parecia estar votado ao ser despedido. Estranhamente, o patrão elogia o seu desempenho ao maquinar um modo de se desenrascar do sarilho em que estava metido e ainda ficar a lucrar.

 

“E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza.”

 

Temos ouvido e lido várias explicações para estas palavras.

Ora, conforme era hábito em Israel, naquele tempo, o administrador tinha o direito de dar créditos, fazer empréstimos, com os bens que lhe estavam confiados pelo seu patrão. E os administradores não recebiam salário normalmente, eram eles mesmos que aumentavam nos recibos dos empréstimos juros, que lhes serviam de pagamento. Era esta a regra. Quando o devedor pagava, a parte emprestada era para o senhor e o juro acrescentado era para o administrador. Assim, já percebemos que o administrador, ao reduzir o valor dos recibos dos empréstimos, não estava a roubar o seu patrão, mas a prescindir do lucro que lhe era devido. Daí, o senhor falar na sua esperteza: sem prejudicar mais o patrão, ele próprio pagava do seu bolso, o juro que lhe era devido, deixando os devedores agradecidos e em obrigação futura para com ele.

 

É esta a explicação exegética para este aparentemente confuso texto do Evangelho.

Evangelho segundo São Lucas 16,1-13.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens.

Mandou chamá-lo e disse-lhe: "Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, porque já não podes continuar a administrar".

O administrador disse consigo: "Que hei de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar não tenho forças, de mendigar tenho vergonha.

Já sei o que hei de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa".

Mandou chamar, um por um, os devedores do seu senhor e disse ao primeiro: "Quanto deves ao meu senhor?".

Ele respondeu: "Cem talhas de azeite". O administrador disse-lhe: "Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve cinquenta".

A seguir disse a outro: "E tu, quanto deves?". Ele respondeu: "Cem medidas de trigo". Disse-lhe o administrador: "Toma a tua conta e escreve oitenta".

E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza. De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz no trato com os seus semelhantes».

Ora Eu digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas.

Quem é fiel nas coisas pequenas, também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas, também é injusto nas grandes.

Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem?

E, se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso?

Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».

 

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