Rito e símbolo
Podemos dizer que o rito é um gesto simbólico e repetitivo
que insere o indivíduo no grupo.
Símbolo é um gesto que contém em si outro gesto. A aliança,
objecto que os casados usam no dedo é o símbolo de um outro gesto, a aliança ou
contrato de casamento entre eles.
O rito tem de ser repetitivo porque não pode estar
constantemente a ser inventado, uma vez que acabaria por impedir a participação
colectiva das pessoas que não conheciam a nova versão do rito.
Cuidado com os inimigos da liturgia.
Em primeiro lugar surge a experiência que pode levar à
realização dos actos litúrgicos guiados pela prática e esquecendo ou pondo de
parte o significativo.
Outro grande inimigo da liturgia é a ignorância, sob a qual
se faz, mas não se sabe o que se está a fazer. Esta ignorância, significa que
as pessoas não sabem o que estão a fazer e isto faz com que invente outros
sinais.
Isto é um perigo porque a liturgia é uma linguagem gestual.
Gestos diferentes têm significados diferentes.
Os sacramentos devem ser recebidos devotamente, mas não
dependem na devoção dos intervenientes.
Os ministros das acções sagradas fomentam e realizam a
celebração a celebração de todos os irmãos.
O ministro serve a assembleia e a assembleia celebra.
A celebração tem dois elementos estruturantes: a Palavra e o
Rito.
A Palavra dirige-se ao entendimento.
O Rito também é uma palavra e dirige-se ao afecto, à emoção.
O Rito é mais rico que a Palavra como elemento de
comunicação.
Mas é a Palavra que dá significado ao Rito. O Rito sem
Palavra pode ser deturpado ou perder o significado.
Na imposição da mitra, na Idade Média, as palavras que
acompanhavam a imposição eram:
- Recebe esta mitra em forma de cornos para meteres medo aos
inimigos da fé.
A palavra pode ser enriquecida na sua capacidade
significativa quando cantada com melodia apropriada. O músico cristão, depois
de ler o texto e o compreender e captar as ideias e emoções, se for capaz,
traduz isso em música. Tal como acontece na pintura. Os intervenientes,
cantando esse texto, poderão ter maior facilidade em entrar na profundidade do
texto.
Os cânticos utilizados na liturgia, texto e música, devem
ser cuidados para não anularem o significado do que se está a celebrar.
Orlando de Carvalho
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