quinta-feira, 21 de maio de 2020

No combate à pandemia, que direitos temos?

Clamores da política partidária têm reivindicado de viva voz e através de propaganda difundida por vários meios o mote:

No combate à epidemia, nem um direito a menos!

É um lema muito bonito, fixa-se e passa-se facilmente como produto de bom marketing, mas é praticamente oco. Serve para marcar presença, mobilizar pessoas para uma coisa sem sentido, embora as mentes menos privilegiadas sonhem estar a lutar por alguma coisa válida.
O governo teve uma actuação, ligeiramente tardia e bastante desorganizada da parte do ministério da saúde em relação ao combate à pandemia. Não obstante, a actividade do governo é merecedora de grande elogio comparada com a de países maiores, mais ricos, com melhores condições técnicas.
Mas isso teve um custo.
As vidas que a governação de António Costa e a presidência de Marcelo Rebelo de Sousa salvaram têm um custo. Somos nós todos, cidadãos portugueses, que temos que suportar o custo da manutenção da vida dos nossos pais, avós, filhos, cônjuges que não morreram. E a nossa própria vida. A mesma sorte não tiveram os holandeses, britânicos e muitos outros.
E os danos da epidemia teriam sido bem menores se determinadas pessoas (pessoa, família?) não tivessem cometido a imprudência de ir a Milão numa ocasião que já era de perigo. Essas pessoas introduziram a epidemia em Portugal, no Norte, e as gentes do Norte estão a pagar essa imprudência. Essas pessoas deveriam ter sido logo confinadas a quarentena obrigatória. Mas talvez ninguém imaginasse as consequências. E a pandemia disseminou-se por todo o país.
A economia parou quase completamente. O governo assumiu despesas com assistência social a muitos casos de empobrecimento devido à pandemia. Temos que pagar. Todos nós, porque não se pode escolher quem é infectado nem quem morre.
E se formos prejudicados nas férias a que temos direito? Bem, o primeiro direito inerente a toda a pessoa é a vida. É o primeiro e maior bem que possuímos. É preferível viver sem férias que ir de caixão para a praia ou para o estádio de futebol.
O governo é imensamente pressionado para que haja praia, para que o futebol reate a fim de que o Porto não seja campeão, etc. É um facto, diz-vos este sportinguista.
De facto, é necessário produzir para haver dinheiro. Mas sempre dentro do bom senso. Países que não pararam, não estão melhor que os outros, porque a economia global parou.
As palhaçadas no Brasil e nos Estados Unidos não passam disso mesmo, palhaçadas. Por esta afirmação pedimos a devida desculpa aos que são palhaços de verdade, profissionais ou amadores.
Nos anos de 1974, 1975 e seguintes, movimentos muito semelhantes a este “no combate à pandemia, nem um direito a menos”, que reclamavam legitimamente maior justiça social nas empresas, acabaram por levar à falência negócios que eram o ganha-pão de milhares de famílias e criaram situação de pobreza e miséria especialmente no Distrito de Setúbal. 



E foi necessário um Bispo católico, que foi apedrejado por esses revolucionários na sua tomada de posse na Sé de Setúbal, para matar a fome a essas famílias, restituir-lhes alguma dignidade e angariar apoios fora do Distrito para colmatar o mal que andava a ser feito. O reconhecimento que posteriormente lhe foi prestado pelos ditos revolucionários, não evitou o sofrimento das famílias que foram desgraçadas, nem trouxe de volta o ouro do Tesouro Nacional que foi enviado para o estrangeiro, ainda hoje não se sabe bem se vendido, se quê.
A Alemanha recuperou da II Guerra Mundial com um esforço de todos, prescindindo de quase tudo e o mesmo aconteceu em muitos outros países e territórios. (Aliás, foi da mesma maneira que iniciaram esta guerra, com os casais a oferecerem ao Estado as próprias alianças de casamento, contribuindo para o esforço nacional de guerra ao mundo)
Os que clamam por “no combate à pandemia, nem um direito a menos”, deviam manifestar um expresso agradecimento ao governo pelas medidas tomadas, corrigir-lhe fraternalmente, em solidariedade nacional, os erros cometidos, mas nunca enveredar por excitar as pessoas a ponto de se poder enveredar por uma situação de miséria semelhante à de 1975 em Setúbal.
Colaboremos todos na reabilitação da economia nacional, na eliminação da corrupção e dos falsos profetas, continuando a viver a política nacional em democracia e solidariedade.

Orlando de Carvalho

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