quarta-feira, 10 de junho de 2020

Corpo de Deus em Loures - A Custódia


Na sequência da Implantação da República em 1910, bem como do clima anticlerical que se vivia nos últimos tempos da monarquia, em muitos sectores da sociedade portuguesa, a Igreja Matriz de Loures foi vandalizada e saqueada. Os objectos litúrgicos considerados obras de arte desapareceram em grande quantidade. Uns foram saqueados a favor do República de inspiração maçónica e anticlerical, outros foram saqueados por populares, em especial pela burguesia de inspiração nos movimentos saídos da Revolução Francesa, muitos foram simplesmente destruídos em demonstração de ódio à Igreja, alguns foram guardados por fiéis em suas casas ou enterrados nos seus quintais, para evitar que levassem pior destino.
Na passagem do século XX para o XXI, sendo pároco de Loures o agora Cónego Honorário da Catedral de Notre Dame de Paris, Padre Manuel Marques Gonçalves, num esforço em que eu próprio participei, bem como o então Primeiro Ministro António Guterres, acompanhando a iniciativa do pároco, foi possível vencer a burocracia e oposição da Direcção do Museu Nacional de Arte Antiga / Janelas Verdes, e trazer à Matriz de Loures a valiosíssima Custódia, que se encontrava em exposição nas Janelas Verdes.
Passados quase 100 anos, a Custódia voltou à sua casa na solenidade do Corpo de Deus, ao menos por uma vez.

Muitas mais coisas há para saber ou recordar. Num próximo artigo voltarei ao assunto.

Orlando de Carvalho

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