quinta-feira, 29 de março de 2018

Da validade sacramental



O que acontece entre Deus e o homem no sacramento, mediante a graça, pode também acontecer fora do sacramento, na interioridade do coração, onde se cruzam a dádiva da bondade de Deus e a humilde e crente receptividade do homem. No homem capaz de decisões próprias, o acontecer sacramental só produz efeitos de graça quando se verifica realmente o encontro interior, entre Deus e o homem, significado pelo sinal sacramental. Tanto é assim que existe, por exemplo, como afirma o Concílio de Trento, a comunhão espiritual, na qual o cristão, sem receber sacramentalmente o Corpo do Senhor, “pode alimentar-se, em desejo, do pão celestial que nos foi dado e sentir em si, mediante a fé viva, imbuída de amor, o fruto e o proveito desse pão” (Denzinger 881).

E se isto é válido em relação a todos os sacramentos, sem excluir aquele que, dada a sua natureza, se pode receber sacramentalmente todos os dias, muito mais válido é no que respeita aos sacramentos que, pela sua natureza, só é possível receber uma vez, os sacramentos que imprimem no sujeito um carácter espiritual e, portanto, não podem repetir-se.



Karl Rahner, em Servos de Cristo, citado por D. António Ribeiro em 31 de Março de 1988, na Missa Crismal

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